A busca pela natureza da consciência
Uma pergunta fundamental permeia a nossa vida, a ciência, a filosofia e as religiões é: “O que é a consciência?”
É difícil definir o que seja consciência e todas as suas implicações, mas o problema pode ser enfrentado a partir de várias abordagens, através das ciências particulares, como a psicologia, a física, a biologia, psiquiatria, neurociência, e de maneira mais abrangente, a filosofia.
A Consciência possui diversos sinônimos em várias tradições e culturas, porém a mais utilizada é “Espírito”.
Nossa busca aqui será essencialmente filosófica, especificamente, utilizando-se do instrumental levantado pela filosofia da mente, utilizando também o que foi exposto e descrito por tradições antigas, complementado-o e dando a acabativa do através do Paradigma Consciencial, base da Conscienciologia, que no meu entendimento, possui as definições mais avançadas sobre a natureza da consciência e o seu modo de manifestação.
São imensas as possibilidades pelo qual pode se iniciar a debruçar o tema da consciência, basta escolher uma ciência particular em questão, e podemos começar, pelo instrumental em questão, destrinchar o fenômeno consciência.
Normalmente, as ciências particulares não são capazes de responder as perguntas mais fundamentais, ou seja, o que é a consciência, qual a razão de existir a consciência, qual sua origem e destino.
É tão abrangente o assunto, que independente da ciência particular que utilizamos para compreender a consciência, ela não nos dá uma resposta final acerca do fenômeno; por exemplo, podemos ter 2 psicólogos, 2 neurocientistas, 2 biólogos, 2 filósofos, 2 religiosos; dos 10, cada um deles pode compreender a natureza da consciência ao seu modo.
De maneira sucinta, o modo de compreender consciênica, pode ser categorizado da seguinte forma:
Materialismo
Entende que a consciência é um fenômeno físico; em alguns casos possui identidade absoluta com os processos cerebrais sinápticos, em outros é um fenômeno simbólico que não é capaz de se reduzir totalmente, em termos de identidade, às sinapses cerebrais, mas não possui independência do cérebro. Dentro do escopo do materialismo, temos o dualismo de propriedade, que define que existe apenas uma substância, a material, mas que existem também, dois tipos de propriedades, as físicas e as não físicas (Feser, 2019, pag. 117)
Dualismo de substância
Em um breve resumo do dualismo, promulga-se que a consciência ou a mente, é algo diferente do cérebro físico, não se limita e nem se resume aos processos sinápticos cerebrais; é capaz de existir à parte do cérebro e de suas contrapartes físicas; utiliza o cérebro físico para se manifestar no mundo físico. Aqui, define-se dualismo de substância no sentido de que a consciência é algo no qual a sua substância é constituido de algo não físico.
Monismo
Por vezes, identifica-se o monismo como sinônimo de materialismo, porém, verificamos que existem tradições que identificam consciência como algo não físico, sendo o princípio único existente, e que toda realidade abaixo dela é mero afunilamento perceptivo ou ilusão.
Ciência
Na ciência moderna, pelo avanço e bem-sucedido modo de explicar outros aspectos da realidade física, com tendência mecanicista e descritiva, seja no âmbito da física, biologia e até da neurociência, temos uma tendência de afirmar que, por mais que essas disciplinas científicas não tenham explicado a natureza da consciência por completo, em um dado momento, ela será explicada por completo de uma maneira totalmente fisicalista. (Feser, 2019, pag. 69)
Pelo desenvolvimento da computação e da inteligência artificial, podemos supor que a consciência é a mera consequência de processos sinápticos cerebrais, que virtualiza o fenômeno subjetivo de se ter consciência. Tendo em vista que já é possível simular modelos de cognição humana baseados na forma como como os computadores processam a informação; também a possibilidade de se simular tarefas cognitivas específicas (como a manipulação de objetos no espaço tridimensional) e o desempenho de determinados processos cognitivos (como o reconhecimento de padrões). (Sternberg,2008, p. 34)
Por um lado, somos inclinados a ter essa perspectiva, quando não dispomos de nenhuma experiência prévia que nos mostre o contrário (que a consciência não é o cérebro) e que é intuitivo pensar dessa forma quando já somos capazes de explicar outros aspectos da realidade através de certos fenômenos físicos de causa e efeito.
Não é minha intenção explorar todos os argumentos e vieses materialistas, naturalistas e fisicalistas da compreensão da realidade da consciência; essa é a visão mais comum atualmente, dentro de uma perspectiva cientificista, e não faltam teorias que são populares que tentam explicar a natureza da consciência, como um mero processamento de entradas (estímulos) que geram saídas (comportamentos).
Por mais que não se ignore o aspecto subjetivo da natureza da experiência humana enquanto experimenta essa resposta a determinados estímulos, boa parte da tendência hoje é assumir que existe uma identidade entre consciência e cérebro ou processos sinápticos.
Existem inúmeros argumentos filosóficos que tentam, utilizando apenas a razão, refutar a tese de identidade entre consciência e cérebro, e boa parte deles se valem de argumentos metafísicos, de necessidade, concebilidade, indivisibilidade; também utiliza-se argumentos acerca da natureza subjetiva ao experimentar a qualidade das coisas, que é denominado filosoficamente, qualia.
Para compreender esses argumentos de natureza metafísica, se faz necessário compreender o que é a metafísica e o modo de operar metafísica. Se não se compreende o modus operandi da metafísica, não haverá compreensão real dos argumentos. Desse modo, por mais que eu pense que os argumentos metafísicos são poderosos, não os explorarei muito.
Minha concepção
Tenho uma posição muito bem definida sobre esse assunto, o qual de maneira sucinta, penso que a consciência não é um fenômeno físico, e a partir daqui, irei expor, aquilo que concebo sobre a natureza da consciência, de maneira que fique digerível ao leitor; ao menos essa é minha expectativa.
Definição
Antes de mais nada, precisamos definir o que é consciência. É um trabalho árduo, devido a natureza complexa do fenômeno. Conseguimos defini-la de maneira aproximada, tentando definir qual é a sua natureza, ou seja, definindo seu princípio de operação, para irmos nos aproximando cada vez mais de sua essência.
Basicamente, consciência é aquilo que é capaz de conceber a si mesma, enquanto individualidade, e o mundo de objetos externos, distinguindo-se destes.
É capaz de desenvolver e utilizar determinados instrumentos para apreensão da realidade, seja em nível intelectivo, do qual utiliza-se de operações como proposições, silogismos e raciocínios. Também é capaz de apreender a realidade em nível sensitivo, utilizando inúmeros órgãos sensoriais, que são unificados através da percepção; a percepção aqui serve como um instrumental no qual consegue experimentar a realidade.
É dotada de vontade, ao qual é capaz de autodeterminar-se em direção de um objetivo, tendo em vista uma finalidade. É dotada de sentimentos e emoções. A consciência é um Eu que experimenta de maneira singular a realidade.
Bom, mas tudo que eu descrevi acima, descreve a consciência humana enquanto Homo sapiens sapiens. Será que o fenômeno Consciência se esgota aí?
Todos os animais e plantas também demonstram ter um grau de consciência e percepção, e até onde eu compreendo e tentarei demonstrar, no decorrer deste post, toda realidade é permeada de coisas vivas dotadas de consciência, em inúmeras esferas da existência, sendo a física, apenas a ponta do iceberg.
Tudo no mundo é vivo, tudo tem algum grau de consciência, logo, percepção. Quantas coisas visíveis, possuem um grau de consciência. Apenas não somos capazes, enquanto afunilados em nosso estado atual, de perceber a interação com uma realidade mais sutil, que é dotada de consciência, modo de consciência que nos é desconhecido, mas não velado ao entendimento.
Existem outros níveis de consciência, que normalmente são chamados de estados alterados de consciência, muito bem descritos por inúmeras tradições, que demonstram haver níveis mais elevados de consciência com modos mais elevados de apreensão e percepção da realidade, que espero expor de maneira compreensível no decorrer deste post.
Muitos filósofos abordam este tema na história da Filosofia, e no meu entendimento, quem fez isso com muita maestria foi Plotino e mais recentemente Helena Blavatsky. Posteriormente, já dentro do escopo do paradigma consciencial, seu propositor, Waldo Vieira, seguindo-se de inúmeros pesquisadores que exploraram a natureza da consciência, de maneira mais avançada.
Na história da filosofia e das tradições, não faltam descrições de experiências de cosmoconsciência, e isso será explorado também no decorrer deste post.
Qualia
Na filosofia, existe um termo denominado qualia, que é a experiência subjetiva de uma sensação extraída da realidade; é a experiência singular que uma consciência vivencia ao interagir com o real.
A sensação do beliscão - o elemento subjetivo, “interno”, que torna verdade que há algo como “ser beliscado” - parece ser diferente de adicionar-se a fenômenos externos objetivos, tais como o avermelhamento da pele beliscada, o estímulo das terminações nervosas ou qualquer outra coisa material ou física. (Feser, 2019, pag. 95)
Compreende-se que esses fenômenos são imateriais, pois são vividos em um âmbito da consciência que não é capaz de ser descrito em termos meramente neurológicos ou sinápticos. Por exemplo, eu posso ser capaz de descrever quais partes do cérebro são ativadas quando ocorre a experiência de saborear um sorvete, mas eu não sou capaz de descrever a partir disso, a experiência subjetiva que a consciência confere ao sentir o sabor, na sua experiência singular de compreender que existe algo que pode ser classificado como sabor e todo o sentido que ela confere a isso. (Feser, 2019)
Além disso, na experiência singular da consciência, ao experimentar o sabor de algo ou a vivência de uma relação afetiva, pode conferir isso de sentido e significado que não são capazes de ser extraídos da leitura sináptica cerebral.
Por exemplo, quando eu tenho a sensação de amar, certa região cerebral pode se ativar; ao analisar o cérebro de outra pessoa, tendo a mesma sensação, a mesma região cerebral irá se ativar, porém, o significado e sentido singular subjetivo que é conferido à experiência, não é capaz de ser reduzido ao aspecto físico cerebral.
Não estou afirmando que a consciência não utiliza o cérebro, enquanto afunilada em um corpo físico. Estudos sobre o cérebro, já demonstraram acerca de como lesões específicas (em determinadas lesões cerebrais), podem ser associadas com déficits cognitivos específicos. (Sternberg, 208, p. 32)
O ponto é que outros tipos de fenômenos, como a experiência de quase morte ou a experiência fora do corpo físico, demonstram que reduzir a consciência ao cérebro físico, em termos de identidade, é um equívoco, tendo em vista que a consciência é capaz de operar, em termos cognitivos e seus atributos de percepção, memória, lucidez, atenção, fora de seu corpo físico.
O cérebro é veículo ou corpo da consciência, para que opere no mundo físico. Isso será desenvolvido em seção específica deste post, o foco aqui é abordar o tema em termos puramente filosóficos.
A existência de uma consciência subjetiva que ao experimentar a realidade, é capaz interiorizar essa realidade em seu interior, conferindo sentido singular, demonstra que isso não pode ser mensurado ou quantificado, e por esse motivo, é capaz de conferir um aspecto singular à experiência vivida. Isso é um desafio real às tentativas de reduzir a experiência singular da consciência, ao cérebro físico, em termos de identidade. (Feser, 2019)
Em termos filosóficos, essa impossibilidade de quantificação e mensuração, é derivada da imaterialidade da consciência. Não é possível setorizar algo que é imaterial do mesmo modo que lidamos com algo material e quantificável.
Esse tipo de experiência, como algo singular e subjetivo, é um grande desafio para as teses materialistas de consciência.
Diversos contra-argumentos podem ser levantados aqui para combater esse tipo de argumento, e pode parecer muito arbitrário para quem não é acostumado com a noção de necessidade em termos filosóficos, digerir esses tipos de argumentos e considerá-los relevantes.
Por mais que eu considere extremamente consistente, em termos filosóficos, esse tipo de argumentação, ela não define ou prova de fato a imaterialidade da consciência e sua independência do cérebro. É uma discussão ampla na história da filosofia, onde argumentos e contra-argumentos são levantados constantemente, sem chegar a uma conclusão definitiva.
A conclusão, por vias meramente filosóficas, parece estar condicionada a uma questão inteiramente subjetiva de intelecção, percepção e temperamento.
Por exemplo, para uma pessoa concordar com argumentos de tipos metafísicos, ela precisa ter compreendido de fato alguns pontos dentro do conteúdo da filosofia:
- Entender de fato o que é necessidade metafísica; o problema aqui mora que não existe apenas um modo de metafísica ou posso também não aceitar pressupostos metafísicos.
- Entender o ponto exato da questão acerca da necessidade metafísica, do sujeito em primeira pessoa que experimenta o mundo ser algo imaterial e intangível;
- Entender que a apreensão intelectiva do mundo pressupõe que a consciência seja algo acima do mundo temporal e material; que é capaz trabalhar com conceitos de maneira totalmente à parte do mundo do movimento; e isso implica necessariamente a imaterialidade da consciência.
Dado toda essa controvérsia e ampla discussão filosófica sobre a mente, ninguém nega que haja um sujeito interno consciente experimentando de maneira subjetiva a realidade externa. E ninguém nega isso, porque tem a experiência direta disso, e negar isso, seria um absurdo.
Do mesmo modo, existem modos de experimentar a realidade, que evidenciam de maneira imediata, que a consciência é totalmente independente do seu corpo físico.
Esse tipo de autoexperimentação é tão convincente, que demonstra, de maneira irredutível, que a consciência é imaterial, e a partir disso, afirmar que se reduz ao aspecto físico, se torna um absurdo.
Cosmoconsciência
A cosmoconsciência, é definida normalmente, em termos técnicos como extâse - uma experiência definida como ampliação de consciência - e possui equivalentes na literatura como experiência mística, experiência cósmica, retorno à origem (psicologia transpessoal), experiência religiosa (William James), experiência do numinoso (C.G Jung), casamento espiritual, estado de plenitude, iluminação, nirvana, satori, samadhi, estado de buddha. (Celia Carvalho de Moraes, 2002, p. 62)
Essas experiências incluem episódios de clarividência, clariaudiência, precognição, premonição, visão de fatos futuros posteriormente comprovados, percepções intuitivas intensas, poder de mover objetos físicos sem tocá-los (psicocinesia), projeção da consciência, transes e êxtases de formas e intensidades diversas. (Celia Carvalho de Moraes, 2002, p. 61)
Priorizando a tradição filosófica, vamos abordar esse tema da cosmoconsciência passando por alguns filósofos na história que exploraram a noção de consciência e seus limites de operação de maneira “não convencional”, para no final, abordar essa investigação a partir do paradigma consciencial.
É um assunto inesgotável, e abordar todos, seria um trabalho de diversos volumes de livros. Neste post, irei me ater em alguns personagens chaves, a quem, em meu ponto de vista, descreveram e estruturaram essas concepções com muita maestria, em termos filosóficos.
As citações que farei desses autores, não servem como prova, mas são elementos descritivos de experiência e conclusões que advogam a favor da existência desses estados alterados da consciência, como algo intrínseco à sua natureza, corroborando para a tese de que a consciência não se resume ao cérebro físico.
Plotino
Plotino, um filósofo neoplatônico que viveu no século 3 da nossa era acreditava que a realidade física e material é apenas transbordamento de outras realidades superiores, que culminaram, por fim, no Uno, a base de toda a realidade.
Não nos ateremos aqui à estrutura filosófica de realidade que Plotino possuía, mas sim às suas experiências acerca da natureza da Consciência.
Dizia que a partir de uma espécie de contemplação, a alma (consciência) consegue sair de si e atingir degraus superiores de realidade, que operariam de modo distinto do conhecido de maneira ordinária.
Algumas citações de Plotino são extraídas de seus escritos compilados em “Tratados da Enéadas”.
“Muitas vezes ocorreu-me ser retirado de meu corpo e conduzido a mim mesmo; ser retirado das coisas externas e introduzido em mim mesmo; […] tornando-se ainda maior a certeza de que pertenço à ordem superior dos seres por ter realizado em ato a mais nobre forma de vida […] . No entanto, depois dessa estadia na região divina, quando desço da Inteligência ao raciocínio, pergunto-me perplexo como é possível a minha Alma estar nesse corpo, sendo ela, mesmo estando no corpo, essa coisa elevada que se revelou a mim?” (Plotino, 2021: Pag 77).
Sem medo de críticas ou anacronismos, fica claro que Plotino vivenciou uma experiência de cosmoconsciência, a partir de uma saída de seu corpo físico utilizando-se de seu corpo mental. Essa questão dos corpos ficará mais clara no trecho sobre o paradigma consciencial.
O foco aqui é nos atermos à questão de como opera a consciência quando está desvinculada de seu estado ordinário, onde a apreensão da realidade a partir da percepção se torna bem mais sofisticada.
“Se aquele que se propõe a isto (a imaginar a natureza do uno) imagina uma grandeza, uma figura ou um volume, é porque a inteligência ainda não se tornou o guia da contemplação dessa pessoa, pois esta consideração é dos sentidos e não da Inteligência.” (Plotino, 2021: Pag 119)
“Pois as coisas que estão no mundo inteligível, não se distinguem como as razões formais (logoi), que podem ser pensadas uma a uma, mas as coisas que estão nele também não se confundem, pois cada uma delas se desenvolve distinguindo-se uma das outras.” (Plotino, 2021: Pag 122,123)
Dessas citações, começamos a compreender as conclusões que Plotino tirou de suas experiências de cosmoconsciência, onde a percepção opera de maneira mais abrangente e, não realiza as operações como a nossa consciência o faz de maneira ordinária.
De maneira ordinária, nós operamos distinguindo cada uma das representações conceituais que temos das coisas que se apresentam a nós, objetos de nossa percepção, negando ou afirmando determinados atributos.
Quando há uma expansão de consciência, no caso, a cosmoconsciência, a percepção se torna tão abrangente, que toda a realidade, integralmente, se torna alvo de nossa percepção de maneira simultânea.
Nesse modo de operar, não faz sentido conceber as coisas realizando proposições racionais, pensar em termos de quantidades, em figuras ou volumes.
De um modo ou de outro, mesmo preservando nossa individualidade, conseguimos apreender de maneira simultânea toda a realidade, distinguindo cada uma das coisas, de um modo distinto daquele que operamos enquanto no corpo físico em um estado comum de consciência.
Essas citações, de forma alguma servem como provas definitivas da imaterialidade da consciência e de sua independência do cérebro físico, mas demonstram, que não é de maneira arbitrária que esse tipo de vivência se manifesta em nós, onde parece que esse tipo de vivência faz parte essencialmente da consciência.
Esses relatos de Plotino não são isolados das vivências de outros autores, e quem passa por esse tipo de experiência, apartado do corpo físico, com a percepção bem mais aguçada do que quando estava no corpo físico, passa a considerar um absurdo reduzir a consciência ao seu aspecto físico.
Helena Blavatsky
O conceito de mente é utilizado normalmente, como sinônimo de consciência, porém, começamos a perceber que existe uma tendência a diferenciar mente de consciência, sendo a mente, um instrumental que possui vários graus e modos de operação, e quem expôs isso de maneira clara, foi Helena Blavatsky no século 19.
Helena Blavatsky, faz algumas descrições, em seu livro Doutrina Secreta Vol1, que são comentários às “Estâncias de Dzyan”. Define níveis de consciência, onde cada nível proporciona uma compreensão sob um aspecto da realidade.
“Tomamos sombras como realidades, e que o progresso ascendente do Ego é um contínuo e sucessivo despertar, cada passo à frente levando consigo a ideia de que então alcançamos a realidade. Mas só quando tivermos atingido a Consciência absoluta, e com ela operarmos a fusão da nossa, é que viremos a libertar-nos de Maya” (Blavatsky, 2021, pag 104)
Blavatsky também diferencia estados da mente, tomando-a como algo diferente da própria consciência. Como consciência, em nossos termos, é tomado como “Atma”. Mente, como compreendemos hoje, é definido como Manas, tendo dois níveis, superior e inferior.
Visando a objetividade, existe uma diferenciação de mente e consciência; existe a mente concreta, que opera com a razão na forma que podemos operar hoje; esta mente concreta não é capaz de abarcar ou descrever as vivências mais elevadas da consciência, em cosmoconsciência.
Paramahansa yogananda
Paramahansa yogananda também descreve uma vivência de cosmoconsciência em seu livro “Autobiografia de um Iogue”.
“Meu corpo imobilizou-se como se tivesse raízes; o ar saiu de meus pulmões como se um ímã enorme o extraísse. Instantaneamente, a alma e a mente romperam com sua escravidão física e jorraram cada um de meus poros como luz perfurante e fluida. A carne parecia morta e, contudo, e minha intensa lucidez, percebi que nunca antes estivera tão plenamente vivo. Meu senso de identidade já não estava mais limitado a um corpo mas englobava os átomos à minha volta. Pessoas em ruas distantes pareciam mover-se suavemente em minha própria e remota periferia. Raízes de plantas e árvores apareciam através de uma tênue transparência do solo; eu distinguia a circulação da seiva.
A vizinhança inteira surgia desnuda diante de mim. Minha visão frontal comum havia se transformado em vasta visão esférica que percebia tudo simultaneamente. Pela parte de trás da cabeça, vi homens caminhando na distante Rai Ghat Lane e também notei uma vaca branca aproximando-se preguiçosamente. […]” (Yogananda, 2013, pag. 151)
Na história da filosofia, muitos autores e sábios descreveram, estruturaram e delimitaram sua compreensão da realidade, da Consciência e seu modo de manifestar no mundo.
Esses tipos de relatos demonstram a capacidade da consciência de operar com certos atributos, até mais elevados, além de seu corpo físico.
Voltando à noção de cosmoconsciência e todas essas filosofias subjacentes, é difícil categorizar toda essa tradição filosófica em um grande gênero, e certos termos modernos parecem insuficientes para abarcar a totalidade dessas tradições, que muitas vezes são catalogadas dentro do escopo do ocultismo, esoterismo e misticismo.
Apesar de descrever toda uma realidade superior, com experiências que nos levam a deduzir que existe um nível mais elevado de operar a consciência, com sua imaterialidade e independência do corpo físico, nada até aqui dito, pode proporcionar ao leitor a vivência direta e imediata dessa realidade, ou a conclusão inequívoca de que de fato é assim.
É possível realizar uma autoexperimentação direta dessa realidade, totalmente a parte de qualquer tipo de tradição filosófica, cheia de linguagens ambíguas, simbólicas, que muitas vezes não são o tipo de conhecimento que estamos acostumados hoje, com critérios científicos? É possível utilizar a metodologia científica moderna para compreender esses fenômenos e tirar conclusões concretas, produzir conhecimento, em termos de conhecimento que conhecemos hoje? Que seja palpável para uma teoria do conhecimento debruçar-se e afirmar que esse conhecimento é criterioso e válido?
A conclusão é que é possível, e isso será abordado na seção do paradigma consciencial.
Aristotelismo
Em toda a história da filosofia, principalmente em uma tradição de matriz Aristotélica-Tomista, ignora-se esses outros estados de consciência, outros modos de operar a percepção e a razão, e tenta-se produzir uma metafísica somente operando pela mente concreta, não estando pautado em nenhum tipo de experimentação direta de níveis mais elevados de consciência ou a partir da constatação de outros corpos, além do físico.
Não é do escopo deste post esgotar ou explicar toda esta filosofia, porém, tão logo vivencia-se uma experiência de cosmoconsciência, ou constata-se a existência de corpo mais sutis objetivos, toda noção de hilemorfismo rígido entre alma e corpo se torna insuficiente para explicar a imaterialidade da consciência e sua interação com seus corpos.
Existem outras objeções à noção tomista, retiradas da constatação da existência de outros corpos, como o corpo energético, corpo astral e corpo mental, que possibilitam a manifestação da alma (ou consciência) totalmente independente de seu corpo físico; essa constatação é uma objeção direta à noção de que é da essência da alma coexistir junto com um corpo físico.
Não esgotarei neste post toda objeção à metafísica Aristotélica-Tomista de interação mente-corpo, hilemorfismo e essência da alma enquanto coexistente em um corpo, mas muito das soluções filosóficas, em termos metafísicos, são derivadas dessa noção hilemórfica tomista.
Autoexperimentação e paradigma consciencial.
Experiência de quase morte (EQM)
A experiência de quase morte é um fenômeno que ocorre normalmente com pessoas que passaram por um processo de parada cardiorrespiratória, acidentes automobilísticos, afogamentos e também em pessoas que estão no leito de morte.
As características dos fenômenos de uma EQM, que ocorre quando a pessoa está inconsciente, com todos os indicativos de morte, são:
- calma, ausência de dor;
- saída do corpo
- viajar por um túnel em direção à luz;
- encontrar “seres” espirituais;
- encontrar parentes falecidos;
- paisagem bucólica;
- visão retrospectiva de vida;
- reconhecimento de uma barreira ou limite para além do qual não se pode ir;
- volta abrupta ao corpo. (Peter Fenwick,2013, P. 204)
Dez por cento dos pacientes com parada cardíaca tem EQM. Desses, 30% relatam ter uma experiência fora do corpo enquanto estão inconscientes e assistindo sua própria ressuscitação. O mais relevante dessas experiências, é que os maiores sinais clínicos de morte estão presentes: ausência de débito cardíaco, de respiração e de reflexos de tronco cerebral. (Peter Fenwick,2013, P. 205)
Esse tipo de fenômeno é um grande indicador de que a consciência é independente do cérebro físico, sendo capaz de operar com todos seus atributos, até de maneira mais elevada, fora do corpo.
Existe uma categoria de neurocientistas que consideram que mudanças químicas no cérebro são inteiramente responsáveis pela experiência de quase morte; porém, esse tipo de explicação não é capaz de explicar a totalidade dos fenômenos, como a experiência fora do corpo em outros ambientes, no qual o sujeito da experiência visualiza ocorrências físicas que posteriormente são confirmadas.
Além disso, existem adultos cegos desde o nascimento, que não possuem imaginação visual, sendo capazes de utilizar o sentido da visão durante a EQM. (Peter Fenwick,2013, P. 204)
O resumo do artigo “As experiências de quase morte (EQM) podem contribuir para o debate sobre a consciência?” do neuropsiquiatra e neurofisiologista Peter Fenwick sintetiza bem o ponto desta seção:
“EQM é um estado alterado de consciência que no ocidente inclui uma experiência emocional e de conteúdo estereotipado.
Algumas características da experiência são transculturais e sugerem ou um mecanismo cerebral similar ou acesso a uma realidade transcendente.
Características individuais da experiência indicam mais persuasivamente para transcendência que para um simples mecanismo cerebral limitado.
Além disso, não há, até agora, nenhuma explicação reducionista que possa dar conta satisfatoriamente de algumas dessas características: o encontro com parentes falecidos, a aparente capacidade visual em cegos durante a EQM, a aparente aquisição de dons psíquicos e espirituais após a EQM, relato de cura ocorrida durante uma EQM e experiências verídicas durante a ressuscitação pós-parada cardíaca.
Embora uma mente não local pudesse explicar muitas das características das EQM, a não localidade ainda não é aceita pela corrente predominante da neurociência.
Somente aquelas teorias baseadas num entendimento mais amplo da mente poderiam explicar totalmente a experiência subjetiva dos que vivenciaram uma EQM.” (Peter Fenwick,2013)
Paradigma consciencial
Argumentos filosóficos não são suficientes para demonstrar de maneira inequívoca, que a consciência existe independente de seu corpo físico como uma substância imaterial. Como dito anteriormente, aceitar ou não argumentos do tipo filosófico, depende inteiramente das inclinações intelectuais da pessoa.
Porém, ninguém nega a própria existência, porque a experimenta de maneira imediata, de modo que negar a própria existência, seria um absurdo.
Do mesmo modo, o paradigma consciencial, estuda a consciência tendo como base a autoexperimentação direta. O que a autoexperimentação tem como alvo, são as parapercepções (parapsiquismo) e das experiências fora do corpo físico.
Imagine-se tendo uma experiência onde você se encontra extremamente lúcido, vivenciando o processo de desconexão do seu corpo físico, e a partir daí, se vê, projetado para fora do seu corpo físico, com um nível de lucidez amplo, com um nível mais aguçado e abrangente de percepção, deparando-se com seu corpo físico “vazio”.
Nessa vivência, você tem uma prova imediata, insofismável da independência da sua consciência do seu corpo físico, ou melhor, do seu cérebro.
Se nessa experiência, você conseguir raciocinar, direcionar sua atenção e ter percepções, conseguir acessar sua memória, estando fora do seu corpo físico, é inquestionável, para quem tem a experiência, a existência da consciência independentemente do corpo físico.
A partir dessa experimentação, diversas outras pesquisas começam a ser feitas e diversas respostas e conclusões aos mais diversos tipos de questionamentos são realizados.
Por exemplo, como eu posso me manifestar fora do meu corpo físico e como se dá a conexão entre o corpo físico e esse meu outro corpo que está se manifestando para além daquele? Existe outro corpo além do físico?
A partir dessa experiência fora do corpo físico, percebemos que há “algo” que realiza a conexão entre esses dois corpos (corpo físico e o corpo mais sutil que se projetou); esse “algo” é estudado há milênios pela cultura oriental e foi ignorado, por todo o cânone da filosofia ocidental tradicional. Denomina-se veículo de prana, chacras ou corpo energético com seus vórtices, o responsável por realizar a conexão entre o corpo sutil (psicossoma) e o corpo físico.
Dentro do corpo físico, no estado ordinário de consciência, é possível ter a percepção nítida e insofismável desse corpo energético e desses vórtices de energias, chamados chacras se manifestando, pulsando e sendo impulsionados à atividade ou inatividade através da vontade.
O mais importante aqui, é que a vivência direta e imediata disso permite que compreendamos, sem a necessidade de uma compreensão mais profunda de argumentos filosóficos.
O problema da interação mente-corpo é respondido quando compreendemos que existem 4 corpos:
- Corpo físico
- Corpo energético (energossoma)
- Corpo responsável pela conexão entre o psicossoma e o corpo físico
- Psicossoma
- Corpo das emoções, conhecido popularmente como corpo astral
- Mentalsoma
- Corpo mental ou do discernimento.
Fenômenos parapsíquicos
Cada um dos corpos são objetivos e respondem à questão da interação entre consciência e corpo. A consciência se manifesta através dos seus corpos, e todos são interligados. Quando ocorre a morte, ocorre o descarte do corpo físico, e a consciência continua a existir através de seus outros corpos.
Quando a consciência assume um corpo físico novo, ocorre a ligação através de um novo energossoma ou conjunto de chacra, que permitem sua existência dentro de um corpo físico.
Isso tudo pode ser constatado através do parapsiquismo e da experiência fora do corpo físico. Existem inúmeros fenômenos associados ao parapsiquismo, e alguns deles podem ser definidos como:
- Clarividência
- É a capacidade de enxergar outras dimensões além da física.
- Telepatia
- É a capacidade de ler e transmitir pensamentos para outras pessoas.
- Clariaudiência
- É caracterizado pela audição de som oriundo das dimensões extrafísicas.
- Premonição
- Capacidade de captar informações acerca do que ainda irá ocorrer.
- Retrocognição
- Acesso à memória de outras vidas ou momentos históricos longínquos.
- Psicometria
- Capacidade de sentir as bioenergias proveniente de pessoas ou ambientes.
- Experiência fora do corpo
- Caracterizada pela vivência na qual a consciência deixa o corpo físico e visita outras dimensões.
Fonte: https://assinvexis.org/artigos/7-fenomenos-do-parapsiquismo-ja-vivenciou-algum/ (Acessado em 21/12/2024 às 12:30)
Inúmeras pesquisas foram realizadas a partir dessa autoexperimentação, no qual definiu-se o paradigma consciencial, base da ciência construída a partir disso, a Conscienciologia.
O paradigma consciencial estuda a consciência em seu aspecto multidimensional, tendo como base alguns aspectos:
-
Holossoma
- É o conjunto de corpos da consciência, que é utilizado para sua manifestação.
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Projeção da consciência
- É possível promover a descoincidência entre os corpos, realizando a projeção da consciência a partir de um corpo para outra dimensão.
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Bioenergias
- A consciência se manifesta através das energias, possível constatar através da existência do corpo energético ou chacras.
-
Multiexistencialidade
- A partir da noção de holossoma, compreendemos que a morte é apenas o descarte do seu corpo físico, onde a consciência continua se manifestando através de seus outros corpos. A consciência quando nasce no mundo físico, é um processo de renascimento, ou ressoma, ela não surge pela primeira vez no mundo físico e passa por uma série de existências.
-
Princípio da descrença
- É o princípio que norteia as pesquisas do paradigma consciencial; ou seja, não é para acreditar em nada do que foi exposto aqui, ter suas próprias experiências e tirar suas conclusões.
-
Cosmoética
- É a ética do próprio cosmos, que deve nortear nossas ações. Tudo tende ao equilíbrio e tudo segue o princípio de causa e efeito, do micro ao macro, tudo é ordenado tendo em vista a cosmoética, reguladora do carma e da existência.
Minha experimentação
É importante definir que meu posicionamento sobre a imaterialidade da consciência surgiu após experiências fora do corpo físico, percepção de pulsações em regiões do corpo que na literatura específica, estava descrito o local de posicionamento de determinados chacras, fenômeno de psicometria e clarividência.
Esses fenômenos já aconteceram comigo na infância e na adolescência, porém, o mais relevante que me fez revisar minha compreensão sobre a vida e a realidade, vieram a partir de 2022, de maneira espontânea; a partir disso, comecei a estudar e desenvolver esses atributos de maneira sistematizada, levando-me a começar a estudar com profundidade a filosofia, e por fim, conhecer o paradigma consciencial.
Para quem tem uma vivência de experiência fora do corpo com total lucidez, é impossível negar a realidade dessa experiência, com consequências significativas no modo de compreender e se relacionar com a realidade.
Além disso, quando eu percebi, estando acordado, pulsação bem no meio da minha testa, seguido de clarividência, levou-me a constatar a existência do frontochacra, ou aquilo que é denominado terceiro olho por inúmeras tradições.
Percebi que o instrumental mais poderoso para compreender a natureza desses fenômenos é o paradigma consciencial, que permite ter lucidez e manter os atributos racionais na compreensão dessa realidade, evitando assim devaneios e misticismos desnecessários.
Conclusão
Apenas a leitura desse post não leva o leitor à certeza insofismável, inequívoca da imaterialidade da consciência. Muito da compreensão da estrutura da realidade que temos é determinada e limitada por nossa cultura e religião que nos foi ensinada.
A única coisa que pode a certeza para o leitor da existência da consciência de maneira independente do corpo físico ou do cérebro, é a experiência fora do corpo físico e o parapsiquismo lúcido durante o estado de vigília física ordinária.
O parapsiquismo, como a percepção dos chacras e a clarividência pode demonstrar a quem experimenta, a existência de outros corpos que são capazes de proporcionar percepção através de sentidos diferentes dos propiciados no corpo físico.
Existe um tratado completo escrito pelo médico e pesquisador Waldo Vieira, chamado “Projeciologia - panorama das experiências da consciência fora do corpo humano”, que pode conferir maior compreensão sistematizada desses fenômenos, e as conclusões de pesquisas que daí derivam.
Referências bibliográficas
- Plotino; Tratado das Enéadas; 2; São Paulo: Polar, 2021; páginas 77, 119, 122, 123.
- Blavatsky, Helena; A Doutrina Secreta - Vol1; São Paulo: Editora Pensamento, 2021; página 104.
- Sternberg, Robert J.; Psicologia cognitiva; 4; Porto Alegre: Artmed, 2008; páginas 32, 34.
- Yogananda, Paramahansa;Autobiografia de um iogue;3; Los Angeles: Self-Realization Fellowship, 2013; página 151
- Carvalho de Moares, Celia; A Experiência do Êxtase: Categorizando os Processos
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- Feser, Edward; Filosofia da mente: um guia para iniciantes; 1; Formosa,GO: Edições Santo Tomás, 2019; páginas 69, 95.
Bibliografia
- Vieira, Waldo; Projeciologia: Panorama da Experiência Fora do Corpo Humano;10; Foz do Iguaçu: Editares, 2008;
- Idem; 700 Experimentos da Conscienciologia; 3a Ed. rev. e amp.; Associação Internacional Editares; Foz do Iguaçu, PR; 2013;
- Idem; Projeções da Consciência: Diário de Experiências Fora do Corpo Físico; 10; Foz do Iguaçu: Editares, 2018.
Webiografia
- https://assinvexis.org/artigos/7-fenomenos-do-parapsiquismo-ja-vivenciou-algum/ (Acessado em 21/12/2024 às 12:30)
- https://www.youtube.com/watch?v=IHZ8KaaDjOU
- Lúcia Helena Galvão. As esferas da consciência. Vídeo no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=fZgkG8qQkhU